A Afasia é definida como a perda ou a deficiência da linguagem (oral e escrita) provocada por dano cerebral. Em consequência de sua complexidade e variabilidade, existe hoje um número extraordinário de sistemas para classificar as várias síndromes de afasia. Basicamente a maioria considera a seguinte divisão: afasia motora e afasia sensorial. A afasia motora ou expressiva está relacionada há uma incapacidade de realizar a produção da fala e o resultado é uma fala não fluente, com pausas entre palavras ou frases. Já a afasia sensorial ou receptiva está relacionada a problemas de compreensão da fala/linguagem. No afásico é evidente a dificuldade na leitura e na escrita, tanto quanto na fala.
A Apraxia da Fala pode ocorrer isoladamente, mas clinicamente são mais observadas como parte da síndrome afásica. No paciente apráxico o desempenho da fala é significativamente pior do que a compreensão, a leitura e a escrita. Ou seja, a apraxia é de caráter motor e pode vir acompanhada da apraxia oral (incapacidade ou ineficiência em realizar os movimentos orofaciais). Já a afasia é de caráter linguístico. A apraxia da fala é uma desordem na programação motora da fala, manifestando primariamente erros na articulação e, secundariamente, alterações compensatórias na prosódia (por exemplo, pausas e fala vagarosa). Pacientes com apraxia da fala demonstram uma marcante discrepância entre o bom desempenho na produção da fala reativa e em automatismos e o seu pobre desempenho na produção da fala espontânea.
Já a Disartria é um distúrbio de fala, resultante de alterações no controle muscular dos mecanismos envolvidos em sua produção (respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia), originado por uma lesão do Sistema Nervoso Central ou Periférico que acarreta em alterações na emissão oral, devido a uma paralisia, fraqueza ou falta de coordenação dos músculos da fala. Tanto a apraxia da fala quanto a disartria são desordens motoras da fala, mas cada uma pode ser representada por diferentes níveis da perda da produção da fala. O apráxico não mostra evidências significantes de lentidão, fraqueza, paralisia ou alteração do tônus nos músculos do mecanismo que possa associar ao distúrbio da fala. Os pacientes disártricos, por outro lado, podem exibir tanto hiper ou hipotônus dos músculos da fala, ataxia, movimentos restritos, etc.
Esses três distúrbios podem coexistir e para um diagnóstico diferencial é preciso avaliações e testes variados para avaliação da linguagem (tarefas de compreensão, descrição, nomeação, automatismos, repetição, fala espontânea, leitura e escrita), além de testes de articulação (para avaliar os mecanismos envolvidos na fala) e programação motora da fala (movimentos orofaciais, tarefas de fala espontânea, repetição, automatismos e leitura). A Afasia, a Apraxia da Fala e a Disartria são passíveis de reabilitação e exigem terapia fonoaudiológica de forma diferenciada para cada caso, o tratamento pode ter duração variada (de meses a anos).
Referência Bibliográfica:
Murdoch BE. Desenvolvimento da Fala e Distúrbios da Linguagem. Uma Abordagem Neuroanatômica e Neurológica Funcional. Ed Revinter, 2012.