Um pouco sobre Comunicação e os impactos de sua perda

“A comunicação é atividade primordial do ser humano. A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, idéias e sentimentos está intimamente relacionada à habilidade de se comunicar. É através dela que o indivíduo compreende e expressa seu mundo. Problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e sentimentos de desconexão com o mundo. A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas comprometendo diretamente a independência do indivíduo” (Moraes, 2012).

A comunicação pode ocorrer por meio da fala, escrita, gestos, movimentos, imagens, símbolos… E, contudo temos o envolvimento da linguagem. De uma maneira simples podemos definir linguagem como a expressão do pensamento por meio de sinais e principalmente pela fala que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas. Esta expressão do pensamento de uma maneira científica refere a uma atividade nervosa complexa em regiões cerebrais responsáveis pelo sistema linguístico.

A linguagem é vista como algo natural e aparentemente simples quando não se é um fonoaudiólogo ou determinados profissionais da saúde. Quando estamos em uma roda de conversa, ou “papeando” com um amigo, familiares, no telefone, ou trocando mensagens escritas… Não paramos para pensar o quanto a linguagem é importante e no grau de complexidade envolvido nesta, até ocorrer à perda desta habilidade, seja pela própria pessoa, seja de um amigo ou familiar próximo.

Nós fonoaudiólogas, percebemos o quanto é difícil para os amigos, cuidadores e familiares de pacientes com afasia, entenderem que o paciente não consegue mais expressar, conversar ou entender uma conversa, sendo que até um tempo atrás aquele indivíduo não apresentava qualquer dificuldade para comunicar. O evento neurológico surge na vida das pessoas de forma súbita causando impactos significativos.

Inúmeras vezes, vivenciamos em nossa prática clínica, pacientes chorando intensamente, emocionados e frustrados por não conseguirem mais conversar naturalmente. E claro, não fica difícil entender tal situação quando nos colocamos no lugar dessas pessoas.  Quando esquecemos uma palavra a sensação já é extremamente ruim e desconfortável, imagina para o afásico que não consegue mais manter um discurso (conversa) em decorrência de uma lesão cerebral?

Na postagem anterior é apresentado um vídeo que conta a história de uma garota de 21 anos estudante de direito norte americana, vítima de uma lesão cerebral que teve como sequela a afasia. A garota define a seguinte sensação:

A única maneira de eu definir a afasia é aquela sensação de ter algo na ponta da língua e simplesmente não saber como dizer. É assim todos os dias de minha vida, como se eu não conseguisse sequer explicar como pode ser perturbador, saber que antes podia explicar tão bem e com tanta precisão e agora é como ser uma vítima das palavras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *