O AVC no Brasil e no mundo:
O AVC é um problema de grande impacto na saúde pública, considerado a maior causa de morte no Brasil e a principal causa de incapacidade no mundo. De acordo com a Organização Mundial do AVC (WSO), no mundo seis milhões de pessoas morrem decorrentes de AVC, sendo 1 pessoa a cada 6 segundos.
Tipos de AVC e suas complicações relacionadas à comunicação:
Acidente Vascular Cerebral Isquêmico: Decorrente da interrupção do fluxo sanguíneo, provocada por obstrução de uma ou mais artérias. Ocorre geralmente em pessoas mais velhas com diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial, problemas vasculares e em fumantes
Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico: Sangramento cerebral provocado pelo rompimento de uma artéria ou vaso sanguíneo, em virtude de hipertensão arterial, problemas na coagulação do sangue, traumatismos. Pode ocorrer em pessoas mais jovens e a evolução é grave.
As células cerebrais são privadas de receber oxigênio e nutrientes essenciais e em consequência disso, alguns neurônios podem morrer e ocasionar lesões cerebrais e sequelas.
Como principais comprometimentos decorrentes do AVC, podemos citar déficits motores, incapacidade funcional e distúrbios de linguagem. Apesar de escassas em nosso meio as pesquisas relacionando AVC e linguagem, encontra-se que a cada 100.000 pacientes que apresentam AVC isquêmico, 43 podem apresentar afasia no primeiro evento.
A linguagem pode ser entendida como um universo complexo e multifacetado. È importante ressaltar que no momento em que o sujeito se comunica, acontece a integração de diversos processos cognitivos e motores de forma harmônica para que seja possível produzir um discurso coeso e inteligível.
Na afasia ocorre a desintegração da linguagem e o AVC também pode gerar outros comprometimentos que podem afetar o desempenho da comunicação do sujeito afásico, dentre eles podemos citar os transtornos motores, a paralisia facial, a disartria e a apraxia.
Em relação aos transtornos motores, a hemiplegia, por exemplo, é observada em 80% dos afásicos não fluentes e 20% dos afásicos fluentes. Desta forma, o desempenho comunicativo pode ser prejudicado pela questão do comprometimento da comunicação não verbal, sendo de difícil execução gestos e posturas corporais que influenciam diretamente na compreensão da mensagem pelo interlocutor.
A paralisia facial, afeta os movimentos responsáveis pela mímica facial, o que pode prejudicar interação do afásico, pois as expressões faciais são essenciais para uma promover uma comunicação efetiva.
O distúrbio de fala comumente encontrado após o AVC é a disartria e esta associada à afasia compromete ainda mais a comunicação, visto que o indivíduo nesses casos apresenta impacto das bases motoras da fala: a articulação, prosódia, respiração, ressonância e voz. Nessa situação a inteligibilidade da fala é prejudicada, sendo que o sujeito muita vezes é mal interpretado e pode se frustar por não conseguir passar sua mensagem.
A apraxia em suas duas subdivisões, bucofonatória e de fala, podem impactar negativamente na comunicação. Nesses casos acontece uma incapacidade de realizar a programação motora de movimentos, que são essenciais para a produção de um discurso,ocorrendo constante troca de sons da fala e dificuldade de realizar determinados movimentos orais.
Em menor frequência, mas que também podem ocorrer devido ao AVC e concomitantemente às afasias podemos citar a Agnosia que seria a incapacidade de reconhecimento de símbolos e objetos, as Dislexias que estão relacionadas à alteração de leitura e as Agrafias, que se referem ao comprometimento da capacidade de realizar a escrita.
Independente do tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico) as manifestações clínicas serão decorrentes de cada território arterial comprometido. No quadro abaixo serão descritos a sintomatologia de cada região acometida:
Território Arterial Comprometido |
Síndromes Clínicas |
Artéria Cerebral Média |
É a mais frequente e quando completa caracteriza-se por hemiplegia ou hemiparesia e hemianestesia contralateral a lesão; afasia se comprometido o hemisfério dominante; apraxia; assomatosognosia; anosognosia, se comprometido o hemisfério não dominante, pode haver hemianopsia homônima contralateral devido e desvio do olhar e da cabeça para o lado da lesão.
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Artéria Cerebral Anterior |
Plegia ou paresia do membro inferior contralateral a lesão, apatia, abulia, reflexo de preensão palmar contralateral a lesão, alteração da marcha e incontinência urinária |
Artéria Cerebral Posterior |
Ocorre hemianopsia homônima contralateral a lesão, dislexia, anomia de cores; pode haver hemiparesia e hemianestesia e movimentos anormais contralaterais.
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Artéria Carótida Interna |
Quando gravemente comprometida, causa síndrome clínica da artéria cerebral média anterior e eventualmente da cerebral posterior. Pode haver cegueira monocular transitória.
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Artéria Basilar |
Na oclusão completa há quadriplegia, plegia do olhar conjugado horizontal, coma ou síndrome do cativeiro; a oclusão de ramos da artéria basilar causa síndrome pontina e/ou cerebelar ipsilateral que pode se desenvolver com ataxia, dismetria, náusea, vertigem, nistagmo, hemiparesia, contralateral, síndrome alterna com nervo facial.
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Artérias Vertebrais |
Pode ocorrer síndrome bulbar com nistagmo, vertigem,náusea, vômito, disfagia, rouquidão, ataxia, hipoestesia da hemiface ipsilateral, hipoestesia térmica e dolorosa do lado contralateral do corpo.
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Artérias Cerebelares |
Nistagmo, náuseas,vômito, ataxia, dismetria, disdiadococinesia, pode evoluir para síndorme de compressão do tronco cerebral dependendo da extensão e natureza da lesão.
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Fonte da tabela: Livro Disturbios Neurológicos Adquiridos Linguagem e Cognição – Karin Ortiz (org.)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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