Autora do texto: Raíssa Melo Costa
Fonoaudióloga pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Especialista em Fonoaudiologia Hospitalar e Disfagia pela Fonohosp
Mestre em Neurociências pela UFMG com enfoque de estudos em Afasia Subcorticais
O Afasia em Foco convidou a fonoaudióloga Raíssa Melo para escrever sobre Afasias Subcorticais. Aproveitem o tema e boa leitura!
Quando pensamos em alterações de linguagem após lesões vasculares encefálicas, classicamente nos lembramos das afasias de Broca, Wernicke, entre outras. Nos últimos anos houve um aumento de pesquisas relacionadas às alterações de linguagem e consequentemente, novas descobertas e interesses como as afasias subcorticais.
As afasias subcorticais são todas aquelas alterações de linguagem cuja lesão não atingiu as regiões clássicas da linguagem e/ou qualquer área cortical. Elas podem ser divididas em duas grandes subáreas: afasia não-talâmica e afasia talâmica.
As afasias não-talâmicas ainda são subdivididas em Afasia Striato-Capsular e Afasia Associada a Lesões Paraventriculares da Substância Branca. A afasia Striato-Capsular ocorre quando há uma lesão do núcleo caudado e lentiforme (Corpo Estriado) ou da capsula interna. As afasia não-talâmicas são caracterizadas por serem não fluentes, com alterações leves de compreensão e repetição preservada. Os pacientes acometidos com essa alteração tendem a formular frases curtas de 3 a 5 palavras e assim não possuindo uma fluência no discurso (Kuljic-Obradovic, 2003).
As afasias talâmicas tem recebido bastante atenção dos pesquisadores recentemente e ainda não há um consenso de como o tálamo está ligado no processamento da linguagem. Quando uma pessoa tem uma lesão lacunar do tálamo dominante, é comum observarmos parafasias semânticas, presença de jargões, com possíveis alterações leves de repetição e compreensão. Disartria, agrafia e alexia também tem sido relatado em alguns estudos (Crosson, 2013; Kraut, 2003).
Atualmente existem diversos estudos ligando o tálamo com o processamento de busca semântica e acesso ao léxico. Porém muitos estudos ainda precisam ser realizados para que possamos compreender mais sobre o papel do tálamo na linguagem.
Referências
- C Kuljic-Obradovic; SubcorticalAphasia: threedifferentlanguagesyndromes; EuropeanJournalofNeurology; v.10; 2003; p. 445-448
- Bruce Crosson; Thalamic Mechanisms in Language: A Reconsideration Based on Recent Findings and Concepts; Brain and Language;126 (1); 2013; p. 73-88
- Kraut MA, Calhoun V, Pitcock JA, Cusick C, Hart J Jr. Neural hybridmodelofsemanticobjectmemory: implicationsfromevent-related timing using J IntNeuropsychol Soc. 2003; 9(7): 1031–1040